Como abordei neste post, onde trouxe a visão de 15 especialistas, a inovação embora seja amplamente discutida atualmente, diverge com relação à sua definição e entendimento.
Mesmo sem consenso sobre o que de fato significa inovar, a maioria dos líderes e gestores contemporâneos concordam que investir em inovação faz total diferença para o futuro das organizações, não importando seu porte ou o segmento em que atuem.
Isso se dá, em grande parte, pelo entendimento de que em um cenário mercadológico em constante transformação como o que estamos vivenciando, empresas que não buscam aprimorar o que oferecem ao mundo, correm sérios riscos de serem rapidamente superadas por outras que o façam.
Temos na história inúmeros casos de empresas globais que faliram por falta de inovação e por não se adaptarem às tendências do mercado.
É fato que inovar transformou-se em uma questão de sobrevivência e nada podemos fazer a respeito a não ser nos adaptarmos!
Não acredita em mim? Então, veja o que dizem algumas pessoas e instituições que foram responsáveis por grandes inovações que conhecemos:
Hoje, temos o programa de inovação mais funcional de que me lembro em meus 30 anos de carreira na P&G e continuamos investindo nele para promover o crescimento de todo o nosso negócio.
Bob MacDonald – CEO da Procter & Gamble
Estamos avaliando as lideranças da GE em relação à sua capacidade de criação. Líderes criativos são os que têm coragem de financiar novas ideias, liderar equipes que sejam capazes de encontrar boas ideias e liderar pessoas que assumam riscos com maior preparo e método.
J. Immelt – Diretor e CEO da General Electric
Sempre dizemos a nós mesmos: temos que inovar. Precisamos ser os primeiros a nos superar.
Bill Gates – Ex Diretor e CEO da Microsoft
A capacidade de inovar é o divisor de águas entre um líder e um seguidor.
Steve Jobs – Ex-Diretor e CEO da Apple
A inovação é o motor da economia moderna, transformando ideias e conhecimento em produtos e serviços.
Gabinete de Ciência e Tecnologia do Reino Unido
Afinal, o que é inovação?
Segundo os pesquisadores Marco Oliveira e Pedro Grawunder, autores da Empreendopédia – Enciclopédia para Empreendedores, inovação é:
…qualquer objeto criado, com utilidade evidente e aplicável aos negócios, ou seja, um objeto com valor de mercado.
Porém, eles ressaltam que:
…nem sempre o novo que se cria (a) é efetivamente aplicável na prática ou (b) interessa ao mercado. Somente quando essas duas condições (a) e (b) estão presentes, tem-se uma inovação.
Gosto desta definição, pois ela se assemelha à síntese de elementos que mais aparecem presentes na visão de 15 especialistas mundiais de inovação (tratados neste artigo), quando foram convidados a refletir sobre o seu real significado. Segundo a síntese:
Inovação é conceber e executar uma ideia que lide com um desafio específico e resolva um problema, ao mesmo tempo que gera valor à empresa e aos seus clientes.
Seguindo este raciocínio, David Deutsch, físico teórico israelense reflete que a inovação não é apenas algo que seja novo, mas que seja novo em um sentido especial.
Ele afirma que não basta que algo tenha mudado, é preciso que essa mudança seja significativa e tenha efeitos duradouros sobre as pessoas, e que estes sejam efeitos sobre os quais elas possam dizer que resultou em algo bom.
Mudanças apenas aleatórias não são inovações, diz Deutsch. Se uma ideia brota em uma mente e se espalha para outras mentes, mudando vidas para melhor durante gerações, então isso é inovação.
Tipos de Inovação (Tipologia)
Diante da grande velocidade com que o comportamento humano tem mudado, uma organização que pretende manter-se viva e competitiva, deve estar pronta para responder com agilidade às novas demandas do mercado.
Tais demandas nascem de novas necessidades, desejos e expectativas que afloram por inúmeros fatores, como por exemplo, mudanças culturais, sociais, comportamentais, econômicas e tecnológicas.
Deste modo, para atender aos seus consumidores, as organizações devem ser capazes de:
– Gerir seu conhecimento de forma inteligente;
– Desenvolver habilidades técnicas e competências;
– Disseminar experiências corporativas e;
– Expandir sua capacidade de aprendizagem sistematicamente.
Uma vez desenvolvido, este know-how deve ser canalizado para o desenvolvimento de diferentes tipos de inovação, que são agrupados segundo características específicas. Vejamos a seguir…
Inovação em Produto
A inovação em produto é provavelmente a forma mais comum de inovação.
Ela refere-se a melhorias nas características e atributos de desempenho de um produto, podendo para isso, valer-se de componentes que o diferenciam de seus concorrentes.
As inovações de produtos são sempre tangíveis e geralmente abrangem tecnologias radicalmente novas, ou ainda, a combinação de tecnologias já existentes empregadas de maneira diferente, embora isso não seja uma obrigatoriedade.
Inovar em produtos pode significar ampliar as suas funcionalidades, aumentar as possibilidades de como alguém pode utilizá-lo, ou ainda, otimizar o seu desempenho de modo a proporcionar uma melhor experiência.
Exemplos de inovação em produto
Skylock – A trava de bicicleta com GPS movida a energia solar
Existem vários problemas com travas convencionais de bicicleta, concorda?
Elas são relativamente fáceis de quebrar e só descobrimos que fomos roubados quando não podemos fazer mais nada a respeito.
Diante deste infortúnio, a maioria das empresas que produzem travas continuam focando seus esforços em melhorar a durabilidade e a resistência de suas correntes. Mas, seria essa a melhor opção para ganhar mercado?
Neste contexto surgiu a Skylock, uma trava desenvolvida para oferecer inúmeras funcionalidades a ciclistas.
Dentre os seus recursos estão:
Desbloqueio sem chave: seus sensores Bluetooth LE permitem que a trava seja desbloqueada quando o dono chega perto de sua bicicleta.
Alertas de roubo: a Skylock envia alertas por Wi-Fi sempre a bicicleta for movida ou violada.
Alerta de colisão: auxilia para que ciclistas peçam ajuda quando se envolverem em acidentes.
Carregamento por energia solar: com alta durabilidade, a Skylock funciona 100% com energia solar e não requer o uso de baterias.
Neste exemplo de inovação em produto, a Skylock aproveitou a tecnologia presente em smartphones e a aplicou a fechaduras de bicicleta, ampliando as suas funcionalidades e aumentando a percepção de valor sobre este tipo de produto.
Ministry of Supply – Camisas térmicas alongáveis e que não amassam
A Ministry Of Supply descreve seus produtos como sendo “vestuários profissionais de alta performance para homens modernos”.
Seu foco concentra-se em criar roupas capazes de refrescar seus usuários em ambientes quentes e aquecê-los em lugares frios.
Para isso, a empresa adota materiais de mudança de fase (PCMs), a mesma tecnologia empregada nos trajes espaciais da NASA.
Achou interessante? Tem mais…
As camisas da Ministry of Supply também vêm equipadas com controle de odor, alongamento dinâmico de tamanho e não amassam!
Quitbit – Isqueiro inteligente para quem deseja parar de fumar
Superar qualquer vício é um desafio, especialmente quando não é possível perceber o quanto se está evoluindo.
Desse modo, dedicado a fumantes, o isqueiro Quitbit surgiu com o objetivo de auxiliar no controle do consumo de cigarros.
Para isso, ele mostra em uma interface no próprio isqueiro, quantos cigarros alguém fumou em determinado período e o intervalo entre eles.
Além disso, por meio de um aplicativo, metas individuais podem ser definidas e todas as métricas sobre o consumo de cigarros acompanhadas.
A idéia do Quitbit nasceu quando o fundador da empresa, Ata Ghofrani, tentava parar de fumar, mas, não fazia ideia de quantos cigarros consumia durante um dia.
Então, ele percebeu que seu objetivo de abandonar o vício poderia ser mais facilmente alcançado se houvessem meios de medir e acompanhar seu comportamento.
Em um cenário em que a maioria dos fumantes se tornou indiferente a campanhas baseadas no medo para chocá-los, o Quitbit apresenta uma abordagem mais otimista, progressiva e aparentemente mais eficaz.
Inovação em serviços
A inovação em serviços pode ser considerada como a introdução de uma característica ou um conjunto de características (tecnológicas ou não) à prestação de um serviço.
Tais mudanças devem propiciar benefícios ao usuário final, seja por melhorias na entrega do serviço, comodidade no uso, ganho de performance, redução de preço ou qualquer outra vantagem que esteja alinhada às suas expectativas.
Contudo, o usuário final deve reconhecer que o conjunto dessas novas características sejam traduzidas como qualidades perceptíveis, e que estas sejam capazes de gerar impacto positivo em sua avaliação sobre o serviço.
Exemplos de inovação em serviços
Kroger – Digitalização de compras e pagamento por smartphones
A gigante do varejo americana Kroger desenvolveu um novo aplicativo que permite aos seus usuários digitalizar produtos que desejam comprar em um estabelecimento comercial físico e efetivar o seu pagamento diretamente pelo smartphone.
Usando o aplicativo Scan, Bag, Go, um cliente digitaliza cada item que deseja à medida que caminha por uma loja e os guarda em sua sacola. Uma vez que as escolhas estejam concluídas, basta realizar o pagamento pelo aplicativo e ir embora. Tudo ocorre sem nenhuma interação humana.
Segundo a Kroger, este serviço gera grande comodidade, pois evita que seus usuários precisem aguardar em filas para realizar o pagamento de seus produtos.
Além disso, o app permite ao estabelecimento efetuar comunicações pontuais com seus clientes, como por exemplo, enviar mensagens promocionais quando algum deles estiver por perto.
Meituan Dianping: Um aplicativo All in One
Eleita como a empresa mais inovadora da Fast Company 2019 , a Meituan Dianping desenvolveu uma plataforma para que consumidores chineses adquiram virtualmente uma grande variedade de serviços.
Conhecido no país como um super aplicativo transacional, é possível utilizá-lo para comprar alimentos, solicitar entregas, reservar viagens, adquirir ingressos para eventos esportivos, cinema e teatro, além interagir com mais de 5 milhões de pequenos e grandes comerciantes chineses.
Inovação em processo
Um processo combina habilidades, tecnologias e as estruturas utilizadas para produzir, entregar, apoiar produtos e/ou fornecer serviços.
Desse modo, a inovação em processo pode ser entendida como um meio evolutivo, que geralmente se refere à implementação de um método de produção ou entrega novo ou significativamente aprimorado.
Inovações em processo tendem a ser focadas no ganho de qualidade produtiva e aumento de eficiência. Cabe ressaltar que, uma inovação deste tipo, não necessariamente implica na alteração do produto em si, mas sim, na forma como é produzido.
Um exemplo simples seria a produção de um artefato plástico manufaturado por um inovador processo de injeção plástica. Nele, o artefato produzido é rigorosamente o mesmo, porém, o que é inovador é o processo de produção que gera economia de energia elétrica e proporciona menor desperdício de matéria-prima. Neste exemplo, o processo é inovador, não o produto!
Embora a inovação em produtos seja frequentemente visível para os seus consumidores, uma mudança em seu processo geralmente é percebida e valorizada em grande parte apenas internamente.
De modo geral, as mudanças em processo reduzem os custos de produção com mais frequência do que o aumento da receita. Dos tipos de inovação mais comuns, o de processo é o que tipicamente acarreta menos risco.
Exemplos de inovação em processo
Linha de montagem de Henry Ford
Um dos exemplos mais emblemáticos e famosos de inovação em processos é a linha de montagem de automóveis de Henry Ford.
Seu processo foi embasado em dois elementos principais: o uso de peças intercambiáveis e a montagem progressiva.
Posteriormente ao seu formato inicial em série (já considerado uma inovação), as linhas de montagem de Ford passaram por otimizações, onde foram divididas em sublinhas (submontagens) que convergiam para uma linha principal, em um esquema semelhante à espinha de um peixe.
No novo processo, o chassi se movimentava continuamente pelas submontagens enquanto ia recebendo, em seqüência, as cerca de 5.000 peças que compunham o Modelo T, até sair completo e pronto para uso.
Tal inovação, não apenas simplificou a montagem de veículos, mas reduziu drasticamente o tempo necessário para produzir cada unidade, de 12h para cerca de 90 minutos.
Simulação por realidade virtual de desenvolvimento de processos e produtos
Atualmente, o desenvolvimento de novos processos industriais, em muitas empresas já ocorre de modo simulado por meio de softwares que integram tecnologias como inteligência artificial e realidade virtual.
Assim, um processo é concebido e exaustivamente testado em ambiente virtual antes de ser colocado em prática no mundo real, aumentando sua confiabilidade e reduzindo os custos envolvidos em sua criação ou redesign.
O mesmo tem sido aplicado ao desenvolvimento de produtos.
Atualmente, designers podem idealizar e “tangibilizar” produtos tridimensionalmente, interagir com eles e testar seu desempenho e usabilidade imersos em um ambiente de realidade virtual.
Tais práticas permitem que as empresas reduzam o investimento de seus recursos em tempo, materiais e equipamentos antes de terem certeza que serão necessários e gerarão retorno.
Por exemplo, um fabricante de automóveis pode usar uma fabricação virtual para projetar um componente para o motor de um carro. Neste caso, o investimento é reduzido, pois nenhuma peça real ou componente é construída para testes.
Ainda no exemplo, o fabricante pode avaliar criteriosamente cada componente projetado virtualmente de modo a obter a sua máxima eficiência.
Isso, por sua vez, reduzirá os custos necessários para a produção do veículo como um todo, bem como o seu impacto no meio ambiente.
Inovação tecnológica
Antes de abordar inovação tecnológica, é preciso entender o que é tecnologia. Segundo a Empreendopédia, ela é considerada como sendo a:
…a ciência embarcada em um objeto ou conceito, aplicada à realidade com o objetivo de permitir ao homem, estender para além das suas condições normais, sua capacidade de cumprir funções humanas ou de realizar as tarefas que decide empreender.
Outra forma de referir-se à tecnologia, ainda segundo a Empreendopédia, é vê-la como:
… o estudo sistemático dos instrumentos, métodos e técnicas que se empregam para cumprir determinadas tarefas.
Com base nessas definições, fica nítida a importância da tecnologia como fonte de inovação, e inclusive, como fator crítico de sucesso capaz de aumentar a competitividade de uma empresa.
Neste sentido, ela é considerada como essencial nas estratégias de diferenciação e crescimento de negócios.
Como se pode observar, devido à sua significância, a inovação tecnológica pode estar presente em mudanças que envolvam tecnologia em produtos ou serviços, em seus processos de produção/criação ou na forma como são oferecidos ao mercado.
Perceba que a inovação tecnologia pode operar atrelada a outros tipos de inovação, como por exemplo, a de produtos, serviços, processos e marketing; o que a torna crucial como perspectiva de desenvolvimento e sustentabilidade na ótica empresarial.
Em um mundo cada vez mais competitivo, o futuro de negócios tendem a se subordinar à sua habilidade de desenvolver estratégias que assimilem e desenvolvam novas tecnologias em todas suas áreas.
Exemplos de inovação tecnológica
Blockchain
Originalmente criado para moedas digitais, o Blockchain vem sendo considerado como a “nova internet” devido ao grande número possível de aplicações a que pode ser submetido.
De forma simplista, a tecnologia consiste na criação de uma série de dados imutáveis, ou seja, registros que uma vez criados não podem ser alterados; os quais, são armazenados em blocos (block).
Para garantir sua integridade, tais blocos são gerenciados por um conjunto de computadores interligados que funcionam como se fossem um só (clusters), e que não pertencem a nenhuma entidade ou organização.
Os blocos são protegidos (criptografados) e vinculados uns aos outros, constituindo uma cadeia (chain).
Um dos diferenciais do Blockchain é o fato de ser considerado um “livro seguro de registros”, uma vez que os dados que armazena não podem ser alterados e são gerenciados de forma descentralizada, o que os torna acessíveis para que todos possam ler.
Por exemplo, em uma transação bancária usando Blockchain, quando uma das partes envolvida inicia o processo, um novo bloco na estrutura é criado. Este bloco é verificado por milhares (talvez milhões) de computadores distribuídos na internet.
Após ser constatado por todos que o bloco é íntegro, ele é adicionado a uma cadeia. Somente então, os dados da transação são inseridos nele, criando não somente um registro único, mas, um registro único em um bloco único.
Desse modo, falsificar um registro no Blockchain, significa violar toda a cadeia de milhões de blocos, tornando a ação praticamente impossível.
5G – A quinta geração de redes móveis
A tecnologia 5G apresenta-se como uma evolução das redes 2G, 3G e 4G, trazendo uma proposta de tecnologia e características funcionais totalmente novas.
Ela foi projetada para atender ao grande crescimento do volume de dados que trafegam via internet, e também, para dar suporte às transformações propostas pela Indústria 4.0 e Internet das Coisas (IoT); onde tudo que conhecemos estará conectado à internet.
Além de oferecer conexões mais rápidas e maior capacidade de trafegar dados, uma das principais vantagens da tecnologia 5G é o seu menor tempo de latência, ou seja, a redução do tempo necessário para que um dado enviado pela internet chegue ao seu destinatário.
Para ilustrar, a latência comum em conexões 3G é de aproximadamente 100 milissegundos. Em conexões 4G, esse número cai para 30 milissegundos, enquanto que na tecnologia 5G, essa latência é tão baixa quanto
1 milissegundo. Isso é praticamente instantâneo, abrindo um novo mundo de possibilidades de aplicação.
Inovação em modelos de negócio
Basicamente, um modelo de negócio é a forma como uma organização gera, entrega e captura valor; considerando para isso, elementos essenciais como:
– Segmento de clientes;
– Fontes de receita;
– Estrutura de custos;
– Recursos-chave;
– Canais de distribuição e;
– Canais de relacionamento.
A inovação em modelo de negócio é uma mudança na forma como uma organização lida com tudo que envolve a geração e entrega de valor. Na prática, ela ocorre por meio do desenvolvimento de mecanismos que incidam sobre estes elementos.
Para empresas já constituídas, este tipo de inovação é desafiador, uma vez que serão alvo de mudanças, recursos e processos que levaram o negócio ao patamar que está.
Criar novos modelo de negócio viáveis, implica geralmente em transformar elementos sobre os quais a empresa opera, o que pode trazer riscos significativos, se não realizado com o rigor necessário.
Por outro lado, quando bem implementada, uma inovação em modelo de negócio pode trazer inúmeros benefícios, como aumento de competitividade e lucratividade, além da conquista de novos mercados e perfis de consumidores a curto e médio prazo.
Exemplos de inovação em modelo de negócios
Rolls Royce
Um dos exemplos mais conhecidos de inovação em modelo de negócios bem-sucedida é o denominado “Potência por Hora” da fabricante britânica de turbinas para aeronaves Rolls-Royce.
Antes da introdução da inovação, o modelo de captura de valor da empresa era baseado na venda do seu produto, ou seja, na venda de turbinas.
Neste caso, por uma quantia única relativamente alta, a turbina era vendida e tornava-se propriedade dos fabricantes de aeronaves que a adquirissem.
O novo modelo de negócios adotado pela Rolls Royce extinguiu a venda de suas turbinas, que passaram a ser locadas.
Outra inovação foi a forma de cobrança que passou a não possuir valor fixo, sendo baseada nas horas em que o motor efetivamente está em operação.
Esta inovação da Rolls Royce é focada em uma abordagem de contratação baseada na demanda, ou seja, a remuneração tem relação direta ao uso que se tem de determinado produto ou serviço.
Com essa inovação, a Rolls Royce não apenas criou vantagem competitiva para si, mas também para todos os seus clientes.
PS.: Esse tipo de abordagem é bastante comum na contratação de serviços computacionais baseados na nuvem.
NetFlix
A Netflix começou a operar como uma locadora de filmes, shows e jogos para videogame que enviava as opções previamente selecionadas às residências de seus clientes pelos Correios.
A monetização da empresa seguia o modelo tradicional, que adotava a cobrança por locação.
Em 2007 ela decidiu inovar em seu modelo de negócios, substituindo seus produtos físicos por digitais, sua entrega via Correios pela internet e suas cobranças por demanda por um sistema recorrente de assinatura e sem limite de consumo de conteúdo.
Antes de lançar o serviço de streaming, a receita anual da NetFlix era de aproximadamente US $ 997 milhões. Hoje, chega a cerca de US $ 15 bilhões por ano, com um total de 125 milhões de assinantes ativos (dados 2020).
Inovação em marketing
Para que uma inovação tenha sucesso, seu público-alvo precisa encontrá-la, conhecê-la e sentir desejo por ela. Assim, o principal objetivo de uma inovação em marketing é estimular vendas, abrir novos mercados e/ou aumentar a participação de um produto ou serviço em seu mercado atual.
Uma inovação é considerada inovação em marketing se trouxer alterações significativas ao Mix de Marketing: Produto, Preço, Praça e Promoção; conhecidos como os 4 P’s do Marketing.
É importante ressaltar que as inovações em marketing diferem das demais inovações no sentido de que podem também ser usadas para promover produtos ou serviços existentes, porém, de uma maneira diferente da feita anteriormente.
Por exemplo, um produto usado inicialmente para uma finalidade pode ser promovido para outra totalmente diferente. Inovações em marketing, podem também, aproximar as marcas de seus consumidores, além de proporcionar inúmeras experiências que estimulem o consumo.
Exemplos de inovação em marketing
IKEA – Catálogo por realidade aumentada
Com a proposta de tornar residências lugares mais felizes, a Ikea desenvolveu um aplicativo que utiliza a tecnologia de realidade aumentada para oferecer a seus clientes experiências imersivas e divertidas com seus produtos.
Para isso, o aplicativo permite a visualização de móveis e objetos de decoração como se fossem reais na casa de seus usuários pela interface de um smartphone.
L’Oréal
A L’Oréal seguiu a mesma linha da Ikea ao entender que fornecer aos consumidores da era digital uma pré-compra é tão importante quanto permitir que eles provem seus produtos em estandes e balcões de lojas físicas.
Por este motivo, criou um aplicativo que busca oferecer a mesma experimentação física às suas clientes digitais.
Ferramentas de Automação de Marketing
Fluxos de Automação de Marketing são criados em ferramentas específicas para esta finalidade, com o intuito de implementar processos automáticos de comunicação com indivíduos que interagem com os conteúdos de uma organização.
Dentre inúmeras outras funcionalidades, tais comunicações são dinâmicas e alteram-se de acordo com as interações que, por exemplo, um usuário realiza.
Nissan e a promoção por ações imersivas
Cada vez mais estão em evidência ações de marketing imersivas, que sejam marcantes na vida dos consumidores e que proporcionem reais experiências de uso de produtos ou serviços.
Em virtude da grande repercussão que criam, gerando mídia espontânea, empresas como a Nissan investem em campanhas como a “The briefcase”.
Na campanha, um usuário comum de transporte por aplicativo (mas, que se enquadra no público-alvo da ação), é surpreendido por acontecimentos inusitados ao tentar ir para casa. Veja a seguir:
Conclusão
A inovação pode ser organizada segundo a sua tipologia, e o objetivo dessa divisão, é aprofundar a compreensão sobre quais são as possibilidades de inovar e como elas podem se encaixar a determinados contextos.
Os inovadores mais ambiciosos encontram a combinação certa dos tipos de inovação aqui estudados e os aplicam o mais amplamente possível em suas organizações.
Ao invés de confiar em um único processo de P&D ou em um único tipo de inovação, recomenda-se buscar, usar e gerenciar os diferentes tipos de inovação de forma holística e sistêmica.
Leve sempre em consideração que a abordagem de inovação escolhida deve depender dos recursos disponíveis e dos objetivos estratégicos.
Por fim, gerenciar a inovação não é diferente do que gerenciar qualquer mudança e embora algumas organizações queiram se concentrar em tecnologias disruptivas e modelos de negócios transformadores, é preciso entender que até as inovações mais radicais resultam de pequenas melhorias contínuas.
Portanto, é possível causar impacto mesmo com pequenas inovações.