A Evolução do Marketing: do 1.0 (Tradicional) ao 4.0 (Digital)

A evolução do marketing

A evolução do Marketing pode ser associada às dinâmicas mudanças do mercado e do comportamento do consumidor.

Engana-se quem acredita que tais transformações venham ocorrendo apenas nas últimas décadas por decorrência dos avanços tecnológicos.

O Marketing vem evoluindo desde que passou a ser uma corrente amplamente utilizada na gestão administrativa em meados da década de 60.

A evolução histórica do Marketing

É comum ouvirmos que o Marketing surgiu pela necessidade das empresas de melhor entender o mercado e o perfil dos seus consumidores.

No entanto, o que gerou essa necessidade? Quais elementos contribuíram para a mudança do mercado e para que o Marketing surgisse e necessitasse evoluir ao longo do tempo?

Historicamente, segundo o livro Desmistificando o Marketing, podemos afirmar que a evolução histórica do Marketing se deu por decorrência de mudanças ambientais, sendo as principais delas:

  • Revolução Industrial;
  • Inovações tecnológicas;
  • Aumento populacional e de seu poder aquisitivo;
  • Produção em massa;
  • Divisão do trabalho;
  • Especialização de mão-de-obra;
  • Adoção de novos meios de comunicação e o;
  • Surgimento de grandes corporações.

Esses fatores ocorreram entre o final do século XIX e início do século XX em nações denominadas industrializadas e que foram responsáveis por uma mudança do ambiente, que se tornou fértil para o surgimento do Marketing como área de estudos.

No entanto, alguns especialistas preferem associar o surgimento do Marketing às primeiras transações comerciais e venda de bens e serviços, que nos levam à China e Índia antigas.

Independente da sua origem, após a adoção do Marketing como atividade organizacional, muita coisa mudou desde a sua primeira definição criada pela então National Association of Teachers of Marketing and Advertising, que em 1935 o conceituou como:

…o conjunto de ações que dirigem o fluxo de bens e serviços dos produtores para os consumidores.

Em 1948 a entidade foi sucedida pela American Marketing Association (AMA), que manteve a mesma definição por um longo período.

Porém, como disse anteriormente, as inovações tecnológicas, novos meios de comunicação e a própria transformação da sociedade, fizeram com que o Marketing atravessasse os últimos 60 anos em um permanente e acelerado processo de reengenharia e redefinição conceitual.

A evolução do Marketing se deu por inúmeros motivos culturais e sociais, e também pela necessidade de adaptar-se ás constantes transformações do mercado.

A origem do Marketing

O Marketing começou a ser estudado no meio acadêmico apenas no início do século XX. Curiosamente, a palavra marketing era inexistente até meados de 1909.

Marketing vem de “Mercare”, termo em Latim usado para designar a atividade de  comercialização de produtos na Roma Antiga.

Sua origem primitiva, como conjunto de práticas para auxiliar na venda e troca de mercadorias, remonta aos primórdios da própria civilização.

Por isso, costuma-se dizer que Marketing, na verdade, é uma disciplina relativamente nova, porém de prática bem antiga.

O Marketing como ciência tal qual conhecemos hoje, derivado e complementar à economia e administração, é o resultado de estudos e experimentos que se intensificaram após a segunda metade do século XX.

Porém, a preocupação pelo estudo sistemático do problema de venda manifestou-se mais nitidamente bem antes nos EUA.

Data de 1904 o primeiro curso de Mercadologia (Marketing) oferecido em uma universidade americana, e de 1910 o primeiro livro escrito sobre a matéria. Independente da precisão das datas mencionadas por estudiosos, oficialmente entende-se o surgimento do Marketing neste período.

Em 1930, com os primeiros sinais de excesso de oferta, muitas indústrias buscavam usar técnicas agressivas de vendas para escoar sua produção.

Mas foi a partir da metade do século passado que a evolução histórica do Marketing se intensificou.

Especialistas americanos começaram a entender que era preciso agregar às bases do Marketing empresarial componentes que iam além das técnicas de produção e venda.

Enxugar custos e aumentar a produtividade de nada adiantaria se na outra ponta não houvesse a garantia de um mercado consumidor.

O Marketing precisava entender as necessidades dos consumidores para gerar valor e criar relações mais próximas entre produtos e clientes.

Foi buscando acompanhar as transformações sociais nas últimas décadas que o Marketing atravessou diferentes estágios e conquistou espaço em todos os tipos e tamanhos de negócios.

Hoje, qualquer empresa que pretenda se manter no mercado, vendendo produtos ou serviços, precisa aplicar conceitos e ferramentas de Marketing que lhe assegurem uma relação estreita com seu público consumidor.

A evolução do Marketing segundo Kotler

Esse processo de evolução do Marketing, como veremos a seguir, foi classificado pelo americano Phillip Kotler (2017) em quatro etapas, sendo:

  • Marketing 1.0 ou Marketing orientado ao produto;
  • Marketing 2.0 ou Marketing voltado ao consumidor;
  • Marketing 3.0 ou Marketing centrado em valores;
  • Marketing 4.0 ou Marketing Digital.

Marketing 1.0: Marketing orientado ao produto

Também conhecido como Marketing orientado ao produto ou Marketing de Massa, o Marketing 1.0 tem suas raízes em estudos do início do século XX, que visavam aumentar a produtividade e reduzir os desperdícios na atividade industrial.

Frederick Taylor (1856-1915), com sua obra “Shop Management” (Gerência de Fábrica), lançada em 1903, que teve enorme repercussão nos meios acadêmicos e empresariais da época, exerceu grande influência para que o Marketing fosse identificado como uma função distinta de negócios na década de 1920.

Com os efeitos da segunda Revolução Industrial, as indústrias ganharam maior capacidade de produção e mais facilidade de transportar sua produção para mercados distantes.

O Marketing era focado nos produtos e esses eram padronizados conforme a conveniência logística dos fabricantes.

Havia muita demanda e acreditava-se que bastava produzir mais e anunciar, comunicando a existência e disponibilidade do produto, para se vender mais.

O esforço era todo para produzir em larga escala, com economia de recursos e otimização da margem de lucro.

Não havia personalização de produtos e nem preocupação com as preferências dos consumidores.

Uma das indústrias que fez escola nessa época foi a de Henry Ford, com a produção de automóveis em série, todos da cor preta.

A fabricação em massa de automóveis Ford proporcionava elevadas taxas de produção por trabalhador, possibilitando a montagem de carros a preços mais baixos.

Uma frase clássica de Henry Ford define bem a mentalidade da época:

O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto.

Foi ainda na era do Marketing 1.0, em 1960, que Jerome Mc Carthy, influenciado pelos estudos de Neil Borden e James Culliton, lançou seu livro “Basic Marketing” ampliando o conceito do Marketing para muito além de técnicas de promoção e venda.

Segundo Mc Carthy (1978) o sucesso de um produto dependeria do correto planejamento, equilíbrio e execução dos chamados 4Ps (Produto, Preço, Promoção e Praça).

Marketing 2.0: Marketing voltado ao consumidor

A partir da década de 60, uma série de fatores passaram a contribuir para a decadência do modelo de Marketing orientado ao produto. Dentre eles, o aumento de concorrentes e a popularização dos meios de comunicação.

O consumidor passou a ter mais opções de escolha e a consumir o produto que mais lhe agrada. O foco das estratégias de Marketing deixa de ser o produto e se volta para o cliente.

Esse novo paradigma é classificado como Marketing 2.0.

Curiosamente é nessa fase que o papel do Marketing nas organizações começa ganhar clareza.

Neste período, os 4Ps de Mc Carthy (1978) atingem mais visibilidade, principalmente depois de incluídos à obra de Philip Kotler, que publica em 1967 o  livro que ainda hoje é considerado a bíblia do Marketing: “Administração de Marketing – Análise, Planejamento e Controle”.

Para Kotler, os quatro pilares, também chamados de mix de Marketing, devem ser aplicados sempre com o objetivo de gerar valor para o consumidor de forma a conquistá-lo. É nessa fase que se forjou a máxima de que:

O cliente tem sempre razão.

Kotler então define Marketing como a ciência e a arte de conquistar e manter clientes e desenvolver relacionamentos lucrativos com eles.

O Marketing passa a considerar desde aspectos gerenciais e logísticos, até a aplicação da Psicologia, com o objetivo de entender o comportamento e os anseios do consumidor.

Na década de 80 todas as grandes empresas já tinham ou criavam departamentos de Marketing buscando diferenciações para seus produtos por meio de promoções capazes de satisfazer e fidelizar consumidores.

Crescem no mesmo período as pesquisas e estudos de mercado. Ganham importância práticas de gestão de relacionamento com os clientes (CRM) e ferramentas de fidelização como mala direta.

Marketing 3.0: Marketing centrado em valores

Com a virada do século os consumidores ganham ainda mais protagonismo.

Os clientes querem mais do que satisfação com produtos e serviços, querem se identificar com os valores, com a visão e com a missão das empresas.

Mais uma vez é preciso que o Marketing se adapte para acompanhar a mudança de comportamento da sociedade.

Agora, com o Marketing 3.0, o foco se volta ao lado humano dos consumidores e em seus valores.

A chegada da internet permite uma interação instantânea com as marcas e torna possível uma gestão de relacionamento com clientes em larga escala.

Os clientes passam a acompanhar a atuação social e ambiental das empresas.

A forma como as marcas se relacionam com o meio-ambiente, com seus funcionários e como se posicionam politicamente passa a ser levada em conta na decisão de compra.

O consumidor quer saber o que a empresa faz para tornar o mundo melhor.

Em vez de apenas bombardear os clientes com anúncios e ofertas, as estratégias de Marketing passam a contemplar transferência de valores e de experiências positivas para os clientes.

Cresce a preocupação com o posicionamento institucional e com o relacionamento pós-venda.

Kotler enumera como importantes pilares do Marketing 3.0 a colaboração, a cultura e a espiritualidade.

As empresas deixam de se preocupar apenas com a venda e passam a priorizar também a experiência proporcionada ao consumidor.

Utilizam-se canais para se conhecer melhor esse consumidor. Mais do que isso, para criar um relacionamento com o fornecimento de conteúdo e serviços que interessem a ele.

Em uma versão atualizada, Kotler (2000) conceitua Marketing como:

…o processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas satisfazem desejos e necessidades com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros.

Marketing 4.0: Marketing Digital

A popularização da internet e das mídias sociais trouxeram a última evolução do Marketing que conhecemos, pois mudaram radicalmente a forma como as pessoas se relacionam, tanto entre si como com as marcas, produtos e serviços.

O conceito de Marketing 4.0, também tratado como Novo Marketing ou Marketing Digital considera esse novo cenário, em que o consumidor nunca foi tão exigente, mas também nunca esteve tão exposto quanto às suas preferências e prioridades.

Com o Big Data, o Marketing ganhou poderosas ferramentas para conquistar e fidelizar esses clientes. Mais do que isso, a gigantesca massa de informações armazenadas nas redes digitais possibilita o mapeamento de hábitos, preferências e valores de um determinado público-alvo com uma precisão jamais imaginada antes.

Com base nas informações disponíveis nas redes sociais, hoje é possível, por exemplo, se antever uma necessidade de compra para abordar o cliente com uma oferta antecipada e customizada.

Da mesma forma pode-se também validar ideias de negócio e testar a aceitação de produtos diretamente com o público-alvo antes de lançá-lo.

Para Kotler, não se trata de abandonar os conceitos do Marketing Tradicional, mas combiná-los com as novas possibilidades proporcionadas pela era do digital, para gerar confiança e fidelidade no cliente.

As estratégias passam a contemplar ações on-line e off-line em ações denominadas de 360º.

Os clientes compram e pesquisam cada vez mais no ambiente on-line. Eles se comunicam e buscam nas próprias redes sociais referências das marcas e produtos que desejam adquirir.

Na outra ponta, a possibilidade de aferir resultados em tempo real, com campanhas digitais, possibilita correções de rumo em ações de forma bastante ágil, com muito menos custo e maior precisão.

Se antes apenas grandes empresas dispunham de verba para realizar pesquisas de mercado e mapear nichos para seus produtos, hoje as ferramentas de Marketing Digital e de automação de processos de comunicação estão acessíveis até mesmo para pequenos comerciantes e profissionais liberais.

Não só as ferramentas de pesquisa,  mapeamento e automação, mas também as que permitem ofertar produtos e serviços para um público cirurgicamente selecionado. Com isso, diminui-se o risco e aumenta-se em muito o percentual de Retorno sobre Investimento (ROI) e a Taxa de Conversão das campanhas.

Em seu último livro, no qual aborda o Marketing 4.0 como uma espécie de revolução ainda em andamento, Kotler é enfático em relação ao Marketing Digital.

Para ele, as empresas que desejam acessar os consumidores, e se manter competitivas no cenário atual, precisam utilizar as ferramentas oferecidas pelas mídias sociais e pelo Marketing Digital para facilitar a execução de seus negócios.

A evolução do Marketing dividida em eras

Além da divisão do Marketing apresentada em etapas (do 1.0 ao 4.0) segundo a visão de Kotler, alguns autores como Las Casas, Rocha e Christensen preferem abordar sua evolução dividindo-a em eras, sendo:

  • Era da Produção: Esta era foi caracterizada por demandas maiores que as ofertas, o que tornava relativamente simples a venda de bens e serviços. Este contexto não exigia dos empresários esforços significativos para comercialização.
  • Era de Vendas: Teve seu início em 1930 e foi caracterizada pelo surgimento dos primeiros sinais de excesso de oferta. O grande volume de produção estimulou as empresas a adotar e desenvolver técnicas comerciais mais agressivas para atingir o volume necessário de vendas.
  • Era do Marketing: A partir dessa era, surgiu a consciência de que produtos e serviços devem ser desenvolvidos com base nos desejos e necessidades de seus consumidores. Essa mudança se deu a partir de 1950 e trouxe também a percepção sobre a manutenção de negócios e seu relacionamento com os consumidores a longo prazo.

Perspectiva cronológica da evolução do Marketing

Para elucidar a questão e ampliar a compreensão sobre o tema, veremos a seguir a cronologia da evolução do Marketing com os principais fatos que fizeram parte das suas transformações ao longo das décadas, segundo o artigo: O Desenvolvimento do Marketing – Uma Perspectiva Histórica.

1900 – 1910: Período da Descoberta

A conceituação de Marketing ocorreu no início do século XX, bem como o nome dado a esse campo do conhecimento, que até então, era denominado pelos termos tradecommerce ou distribution.

Nesta década surgiram os primeiros cursos sobre o assunto, chamados de Distributive Trade. Eles foram sinais iniciais da chegada de uma nova linha de pensamento, focada em como colocar e comercializar bens e serviços.

Entre 1902 e 1905, cinco universidades norte-americanas ofereceram, independentemente e pela primeira vez, disciplinas sobre o tema. O termo Marketing, propriamente dito, apareceu pouco depois em cursos de negócios.

Em 1908 foi publicado The Psychology of Advertising, por W. D. Scott, e criado, por Ana Jarvis, o “Dia das Mães”. Nesta década, desenvolveram-se ainda as duas primeiras escolas de pensamento de Marketing: a Escola Commodity e a Escola Funcional.

1910 – 1920: Período de conceituação

Alguns conceitos de Marketing já haviam sido desenvolvidos e nesta década sofreram classificação, assim como algumas funções, que deveriam ser executadas por intermediários:

  • Divisão do risco;
  • Transporte de mercadorias;
  • Financiamento de operações;
  • Venda e recolhimento e;
  • Classificação e reembarque.

Entre os fatos marcantes desta década, podem-se citar: em 1913, a publicação do livro Advertising and Selling, por H. L. Hollingworth; em 1915, o oferecimento do primeiro curso de comercialização, por Copeland, de Harward; em 1920, a publicação do livro Elementos de Comercialização, por Cherrington.

1920 – 1930: Período de integração

Neste período os princípios do Marketing foram necessários e um corpo genérico de pensamentos foi integrado pela primeira vez.

Entre os fatos marcantes desta década estão: em 1921, a publicação do livro Princípios de Comercialização
por Paul Ivy e, em 1924, a edição do livro Princípios de Merchandising, por Melvin Copeland. Nenhuma escola nova de pensamento do Marketing foi desenvolvida neste período.

Ainda na metade desta década, no entanto, muitas empresas de países desenvolvidos do Oeste Europeu e dos Estados Unidos estavam orientadas para a produção.

A preocupação com a venda e com o Marketing ainda não estava presente, especialmente em razão de quase toda a produção ser vendida.

1930 – 1940: Período de desenvolvimento

Áreas especializadas de Marketing continuaram a ser desenvolvidas, pressuposições hipotéticas foram verificadas e quantificadas, e algumas novas aproximações para explicar o Marketing foram assumidas.

Na década de 1930 apareceram, nos EUA, os primeiros supermercados, instalados em armazéns e garagens abandonadas durante a depressão.

O primeiro supermercado foi inaugurado em 1930, em Long Island, na Jamaica. Nesta década surgiram outras duas escolas de pensamento de Marketing: Escola Regional e Escola Funcionalista.

1940 – 1950: Período de Reavaliação

O conceito e a explicação tradicional de Marketing foram reavaliados.  Em razão de novas necessidades para o reconhecimento do Marketing, foram considerados os seus aspectos científicos.

O final da Segunda Guerra Mundial foi um laboratório importante para a Psicologia entender práticas de persuasão.

Uma importante fonte para a compreensão dessas práticas foi a compilação de dados psicológicos e demográficos dos nazistas, que, depois de seu uso pela força armada, foram utilizados no mercado.

No final dos anos 40 e início dos anos 50 surgiu uma nova escola de pensamento do Marketing: a Escola Administrativa.

1950 – 1960: Período de Reconceituação

Aproximações tradicionais para o estudo de Marketing foram suplementadas pela ênfase na decisão gerencial que considerasse aspectos societais e pela análise qualitativa do Marketing.

Muitos novos conceitos, alguns tomados do campo do gerenciamento e de outras ciências sociais, foram introduzidos nessa área de conhecimento.

A contribuição da Psicologia, a partir da década de 1950, auxiliou na compreensão do consumidor, antes visto apenas como um ser racional.

A escola do Behaviorismo foi a primeira a ingressar na área de “Comportamento do Consumidor”, e o seu foco na satisfação do cliente foi considerado como o passo mais importante desta evolução.

1960 – 1970: Período de diferenciação

Os anos 60 viram o desenvolvimento e a exploração do primeiro banco de dados em larga escala.

Neste período, acadêmicos de Marketing foram selecionados para desenvolver ferramentas analíticas e modelos de necessidades, a fim de encontrar a relação entre os esforços de Marketing e os resultados de venda.

1970 – 1980: Período do desenvolvimento do Marketing dentro das organizações

Nos anos 70, destacou-se o fato de surgirem departamentos e diretorias de Marketing em todas as grandes empresas.

Posteriormente, em razão da grande contribuição dada por esta área do conhecimento ao meio empresarial, ela passou a ser rapidamente adotada em outros setores da atividade humana.

O governo, organizações civis, entidades religiosas e partidos políticos passaram a valer-se das estratégias de Marketing, adaptando-as às suas realidades e necessidades.

Foi nesta época ainda que se multiplicaram os supermercados, shopping centers e franchises.

Em relação ao comportamento do consumidor, neste período surgiram movimentos de consumidores nos Estados Unidos, comumentemente chamados de consumerismo.

1980 – 1990: Período do surgimento dos gurus do Marketing e do Marketing para pequenas e médias empresas

Neste período desenvolveu-se o fenômeno dos gurus.

Em 1982, Tom Peters e Bob Waterman produziram o livro “Em Busca da Excelência“, considerado o livro de Marketing mais vendido de todos os tempos.

Nesse livro, os autores focam completamente sua atenção no cliente ao investigar durante um ano as qualidades mais comuns em empresas de sucesso.

O fenômeno dos gurus levou o Marketing às pequenas e médias empresas, e a todo tipo de profissional.

Talvez por isso, e também por uma necessidade mercadológica, o Marketing passou a ser uma preocupação direta da alta direção de todas as mega corporações, não estando mais restrito a uma diretoria ou departamento.

Também foi nesta época que surgiu a escola de pensamento chamada Marketing de Relacionamento, com foco na criação de lealdade, na satisfação e na retenção de clientes.

1990 – 2000: Período do Cybermarketing, Marketing Experiencial e Marketing Societal

O avanço tecnológico dos anos 90 teve um forte impacto no mundo do Marketing.

O comércio eletrônico levou a uma revolução na logística, distribuição e formas de pagamento.

O CRM (Customer Relationship Management) e os serviços de atendimento ao consumidor, entre outras inovações, tornaram possível uma gestão em larga escala do relacionamento com os clientes. E, como se isso não fosse suficiente, a Internet chegou como uma nova via de comunicação.

Foia a época do Maximarketing de Stan Rapp; do Marketing one to one, da Peppers & Rogers Group; do Aftermarketing, de Terry G. Vavra, e do Marketing Direto, de Bob Stone. Ou seja, esta época caracterizou-se por uma constante busca pela personalização em massa.

Outra tendência do período foi o fortalecimento do conceito de Marketing Societal, preocupado com o bem-estar da sociedade, que muitas vezes é uma exigência do próprio mercado. A responsabilidade social transformou-se em vantagem competitiva.

As últimas escolas de pensamento que se desenvolveram surgiram no final da década de 90 e início dos anos 2000.

Umas delas, chamada de Cybermarketing, surgiu como um instrumento facilitador de Marketing, com foco na possibilidade de trabalhar a personalização em massa, proporcionar rapidez no processamento de transações e permitir alta interatividade com os clientes.

A outra, denominada de Marketing Experiencial, tem seu foco nas sensações que os produtos podem proporcionar aos clientes e não meramente nas necessidades dos consumidores.

2000 até os dias atuais: Período da sociedade pós-industrial

A virada do milênio assistiu à segmentação da televisão a cabo, à popularização da telefonia celular e à democratização dos meios de comunicação, especialmente via Internet.

A World Wide Web (www) já estava suficientemente madura, e nos primeiros anos desta década surgiu uma infinidade de pesquisas e publicações sobre Marketing Digital e comércio eletrônico.

Isso revolucionou tanto a logística como a oferta de produtos, e o cliente passou a ter informações e poder de barganha nunca antes vistos.

Era de esperar que isso influenciasse a maneira pela qual os consumidores interagiam com as empresas e entre si.

A mídia espontânea, conseguida por esforços das áreas de Assessoria de Imprensa, Relações Públicas e Marketing Social, começou a tomar o espaço da propaganda tradicional.

A sociedade pós-industrial também gerou outras influências sobre o Marketing e a comunicação, tendo como consequência o nascimento do Marketing de Permissão, de Seth Godin, a conceitualização do Marketing boca a boca por George Silverman e a explosão do Buzzmarketing e do Marketing viral por autores como Russell Goldsmith e Mark Hughes.

A evolução do marketing no mundo em ordem cronológica
A evolução do Marketing no mundo em ordem cronológica

A importância da Revolução Industrial para o surgimento e evolução do Marketing

No período pré-Revolução Industrial a economia restringia-se ao comércio local e a atividade econômica era artesanal.

As cidades eram praticamente autosuficientes e produziam apenas aquilo que era necessário para sua subsistência.

A produção ocorria sob encomenda e a qualidade dos produtos feitos manualmente eram motivo de orgulho de seus artesãos, tanto que caracterizavam-se como a principal motivação profissional, e não o lucro.

Não havia necessidade latente de estruturar estratégias para comercialização, uma vez que a produção era limitada e destinada apenas ao consumo da própria região.

Além disso, haviam restrições em relação à capacidade produtiva, e também, de tamanho do público consumidor.

No século XVIII, as tendências que o mercantilismo havia iniciado foram impulsionados pela Revolução Industrial.

A partir do momento que a economia passou a ser industrializada, ou seja, com a utilização de máquinas, equipamentos, métodos de trabalho especializados e produção em massa, e as indústrias começaram a crescer, consequentemente houve a necessidade de melhorar os estudos de distribuição de bens e serviços.

Embora a capacidade de produção das fábricas se expandisse rapidamente, a procura pelos produtos manufaturados cresceu desproporcionalmente, em virtude do aumento rápido da população e do crescimento do poder aquisitivo da classe média, proveniente das relações dessa classe com o próprio processo de produção.

Com o uso de novas técnicas, ocorreu um aumento na eficiência das indústrias e na capacidade de produção, bem como a utilização de novos métodos de trabalho, como a especialização do trabalhador; a redução de preço dos produtos (que fez com que se atingisse um número maior de consumidores) e a migração das pessoas do campo para os grandes centros para trabalhar nas indústrias que surgiam.

As organizações cresciam de maneira exponencial em virtude dos fatores já descritos anteriormente, mas necessitavam garantir para sustentar seu crescimento, mercados consumidores de seus produtos.

Tal cenário foi propício para o surgimento de uma área de conhecimento que auxiliasse as grandes corporações a entender e utilizar formas sistematizadas para colocar produtos no mercado, ou seja, uma área de conhecimento que estudasse o relacionamento entre empresa e mercado.

Foi exatamente o que aconteceu!

O Marketing apareceu como uma maneira sistêmica de estudo de mercado, com o objetivo de reconhecer melhores formas de colocar produtos em determinados mercados, por meio do uso adequado de intermediários, vendedores e distribuidores.

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