A ciência comportamental aplicada à Jornada de Compra do Consumidor

A ciência comportamental aplicada à Jornada de Compra do Consumidor

Você já parou para pensar sobre o que realmente acontece quando você decide comprar algo? Talvez você imagine que é um processo simples: você vê algo que quer, avalia se pode pagar por ele e, em seguida, faz a compra. Mas, na realidade, o processo de decisão é muito mais complexo do que parece.

Vivemos em uma era de abundância de informações e opções. A cada dia, somos bombardeados com uma enxurrada de anúncios, promoções e ofertas. E, com a internet ao nosso alcance, temos a capacidade de pesquisar e comparar produtos como nunca antes.

Mas, com tantas opções e informações disponíveis, como os consumidores tomam suas decisões de compra? Como eles navegam por essa rede complexa de pontos de contato e escolhem entre uma infinidade de produtos e marcas?

Neste artigo, vamos nos aprofundar na complexidade do processo de decisão de compra. Vamos explorar como a internet transformou o comportamento do consumidor, como a ciência comportamental se aplica a esse processo e como os consumidores se movem em um espaço que chamamos de “Zona de Avaliação”. Além disso, vamos discutir os vieses cognitivos que influenciam nossas decisões e como as marcas podem usá-los efetivamente.

O Processo de Decisão de Compra

Quando pensamos em comprar algo, seja um novo smartphone, um par de tênis ou até mesmo escolher o próximo livro para ler, raramente paramos para considerar o quão complexo é o processo que nos leva a tomar essa decisão. Afinal, na maioria das vezes, parece bastante simples, não é mesmo? Vemos algo que nos chama a atenção, avaliamos se temos recursos para adquiri-lo e, se tudo estiver de acordo, efetuamos a compra.

No entanto, a realidade é que o processo de decisão é um labirinto de complexidades que vai muito além dessa sequência linear de eventos. Na verdade, é um processo dinâmico e multifacetado, que envolve uma série de etapas interconectadas e influências variadas.

Primeiramente, é importante entender que cada decisão de compra é precedida por um gatilho – um evento ou necessidade que sinaliza ao consumidor que é hora de considerar uma compra. Esse gatilho pode ser algo tão simples quanto o término de um produto que usamos regularmente, ou algo mais complexo, como a necessidade de adquirir um produto para atender a uma nova demanda ou interesse.

Uma vez que o gatilho é acionado, entramos no que é conhecido como a “Zona de Avaliação”. Nesse estágio, somos bombardeados com uma infinidade de informações, opções e dúvidas. Com a ajuda da internet, temos a capacidade de explorar e avaliar uma ampla gama de produtos e marcas. Navegamos por sites, lemos avaliações de produtos, comparamos preços, e muitas vezes voltamos e repetimos essas etapas várias vezes antes de finalmente tomar uma decisão.

Jornada de Compra após o advento e popularização da internet.

Ao contrário do que se pregava, esse processo não é linear, mas sim um ciclo contínuo de exploração e avaliação, onde pesamos todas as opções disponíveis, consideramos uma variedade de fatores e, finalmente, tomamos a decisão de comprar. E mesmo depois de efetuarmos uma compra, o processo não termina. Muitas vezes, avaliamos nossa decisão, consideramos se fizemos a escolha certa e, às vezes, até reconsideramos nossa decisão.

Portanto, é preciso compreender que o processo de decisão de compra é muito mais do que apenas escolher um produto e pagar por ele. É um processo complexo e dinâmico que envolve uma série de etapas, influências e considerações.

A Evolução da Internet e o Comportamento de Compra

A internet revolucionou a maneira como vivemos, trabalhamos e, sem dúvida, a maneira como compramos. Antes da era digital, as opções de compra eram limitadas ao que estava disponível nas lojas físicas locais e a decisão de compra era muitas vezes influenciada por fatores como preço, disponibilidade e conveniência.

Com a chegada da internet, o cenário mudou drasticamente. Agora, temos acesso a uma infinidade de produtos e serviços de todo o mundo, ao alcance de nossos dedos. A internet não é mais apenas uma ferramenta para comparar preços, mas uma plataforma para comparar praticamente tudo – desde a qualidade e características dos produtos até as avaliações dos clientes e a reputação da marca.

Essa mudança é evidente no comportamento de busca dos consumidores. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Google, o interesse de busca pela expressão “melhor” ultrapassou o interesse por “barato”. Isso sugere que os consumidores estão cada vez mais focados na qualidade e no valor, ao invés de apenas no preço.

Google Trends: Tendências de pesquisa para “barato” e “melhor” em vários países, traduzidas para os idiomas locais.

Nesse contexto, a “Zona de Avaliação” ganha uma nova dimensão. Com tantas informações e opções disponíveis, os consumidores passam por um processo intensivo de exploração e avaliação, que nem sempre é linear como ocorria no passado.

A Ciência Comportamental e o Processo de Decisão de Compra

A ciência comportamental é um campo de estudo que busca entender o comportamento humano, e ela tem muito a nos ensinar sobre o processo de decisão de compra. Ao aplicar os princípios da ciência comportamental, podemos começar a desvendar os mistérios da “Zona de Avaliação” e entender melhor como os consumidores tomam suas decisões.

Um dos conceitos mais importantes da ciência comportamental é o de “viés cognitivo”. Esses são padrões de pensamento que nossa mente usa para tomar decisões e julgamentos rápidos. Embora esses vieses possam muitas vezes nos ajudar a navegar pelo mundo de maneira mais eficiente, eles também podem nos levar a tomar decisões de compra que não estão necessariamente alinhadas com nossos melhores interesses.

Para entender melhor como a razão e a emoção interagem quando tomamos decisões, podemos recorrer a uma famosa analogia do psicólogo e professor de liderança ética na Universidade de Nova York, Jonathan Haidt. Ele compara a relação entre um elefante e seu cavaleiro. O cavaleiro, representando a razão, acredita estar no comando da direção, mas quando algum estímulo chama a atenção do elefante, que simboliza a emoção, o cavaleiro rapidamente percebe quão pouco controle ele realmente tem.

Nessa analogia, os motivos do elefante são um mistério para o cavaleiro. Se perguntado, o cavaleiro pode explicar para onde pretendia ir, mas não por que acabou onde chegou. As respostas sobre o elefante serão principalmente suposições e pós-racionalizações. O mecanismo que muitas vezes faz com que a emoção supere a razão permanece oculto para nós.

Essa analogia ilustra bem o papel dos vieses cognitivos no processo de decisão de compra. Muitas vezes, nossas decisões são influenciadas por fatores emocionais que não conseguimos identificar ou explicar completamente. No entanto, ao entender esses vieses e como eles operam, podemos começar a desvendar os mistérios da ‘Zona de Avaliação’ e entender melhor como os consumidores tomam suas decisões.

Por exemplo, o “viés de confirmação” é a tendência que temos de buscar e dar mais peso às informações que confirmam nossas crenças existentes. Isso pode nos levar a ignorar informações importantes sobre um produto ou serviço, simplesmente porque não se alinha com o que já acreditamos.

Outro viés comum é o “efeito de ancoragem”, que é a tendência de confiar muito na primeira peça de informação que recebemos (a “âncora”) ao tomar decisões. Por exemplo, se a primeira avaliação de um produto que lemos é positiva, podemos dar mais peso a essa avaliação do que às avaliações subsequentes, mesmo que elas sejam negativas.

Compreender esses e outros vieses cognitivos pode nos ajudar a entender melhor o processo de decisão de compra e a navegar de forma mais eficaz pela “Zona de Avaliação”.

Os Vieses Cognitivos na Decisão de Compra

Ao navegar pela “Zona de Avaliação”, os consumidores não estão apenas avaliando opções e comparando preços. Eles também estão sendo influenciados por uma série de vieses cognitivos que podem afetar suas decisões. Vamos explorar alguns dos vieses cognitivos mais comuns que entram em jogo durante o processo de decisão de compra.

Análises Heurísticas

Este é o nome dado aos atalhos mentais que usamos para tomar decisões mais rapidamente. Por exemplo, podemos assumir que um produto é de alta qualidade simplesmente porque é mais caro, ou podemos escolher um produto porque reconhecemos a marca.

Imediatismo

Os consumidores tendem a valorizar a gratificação imediata mais do que os benefícios a longo prazo. Isso pode nos levar a fazer compras impulsivas ou a optar por opções de entrega mais rápidas, mesmo que sejam mais caras.

Prova Social

Somos influenciados pelas ações e opiniões dos outros. Se vemos que um serviço tem muitas avaliações positivas, ou se um amigo nos recomenda um produto, somos mais propensos a comprar.

Viés de Escassez

Temos uma tendência a valorizar coisas que são raras ou difíceis de obter. Isso pode nos levar a comprar produtos que estão em oferta limitada ou a fazer uma compra por medo de perder uma oportunidade.

Viés de Autoridade

Somos mais propensos a ser influenciados por pessoas ou marcas que percebemos como autoridades. Isso pode nos levar a confiar nas recomendações de especialistas ou a preferir marcas conhecidas.

Ganância

Adoramos coisas gratuitas. Mesmo que o valor real seja baixo, a ideia de receber algo de graça pode ser um motivador poderoso para a compra.

Esses vieses cognitivos desempenham um papel importante na forma como consideramos adquirir algo. Ao entender esses vieses, as marcas podem criar estratégias mais eficazes para se conectar com os consumidores e influenciar positivamente suas decisões. A seguir, vamos explorar algumas dessas estratégias e discutir como as marcas podem navegar efetivamente pela “Zona de Avaliação”.

Como as Marcas podem Navegar na Zona de Avaliação

Agora que entendemos a complexidade do processo de decisão de compra e os vieses cognitivos que influenciam esse processo, podemos começar a explorar como as marcas podem se beneficiar efetivamente da “Zona de Avaliação” por meio de estratégias direcionadas:

Garantir uma presença de marca forte

Uma marca forte pode ajudar a criar confiança e lealdade, o que pode levar a uma maior probabilidade de compra, como por exemplo, ter uma presença online forte, manter uma imagem de marca consistente e garantir que a empresa seja facilmente reconhecível.

Adotar princípios das ciências comportamentais de maneira inteligente e responsável

Compreender os vieses cognitivos que influenciam as decisões do consumidor ajudam as marcas a criar estratégias de marketing mais eficazes. Mas, para isso, é importante que esses princípios sejam aplicados de maneira ética e responsável.

Diminuir o espaço entre o gatilho e a compra

Quanto mais fácil for para os consumidores fazerem uma compra depois de decidirem que querem um produto, maior será a probabilidade de eles seguirem adiante, como por exemplo, tornar o processo de checkout mais fácil, oferecer opções de entrega rápida e garantir que o site ou aplicativo seja fácil de usar.

Formar equipes flexíveis e engajadas

As equipes que têm a capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças e tomar decisões de forma autônoma serão mais capazes de responder às necessidades e comportamentos em constante mudança dos consumidores.

Navegar pela “Zona de Avaliação” pode ser um desafio, mas ao entender a complexidade do processo e ao adotar estratégias eficazes, as marcas podem aumentar suas chances de sucesso.

Conclusão

Neste artigo, exploramos a complexidade do processo de decisão de compra e discutimos como a internet e a ciência comportamental transformaram a maneira como os consumidores adquirem produtos e serviços. Vimos que esse processo, após o advento da internet não é mais linear, mas um ciclo contínuo de exploração e avaliação que ocorre na “Zona de Avaliação”.

Discutimos também como vários vieses cognitivos, como o viés de confirmação, o efeito de ancoragem e o viés de escassez, podem influenciar as decisões de compra. E, finalmente, exploramos algumas estratégias que as marcas podem usar para navegar efetivamente pela “Zona de Avaliação” e influenciar positivamente as decisões de compra dos consumidores.

A compreensão desses fatores é crucial para as marcas que desejam se conectar de maneira eficaz com seus consumidores na era digital. Ao entender a complexidade do processo de decisão de compra e ao adotar estratégias coerentes, as marcas podem aumentar suas chances de sucesso e garantir que estão atendendo às necessidades e expectativas do seu público-alvo.

Espero que este artigo tenha proporcionado a você uma visão abrangente sobre o processo de decisão de compra e que ele possa servir como um recurso útil para que gere mais negócios. E, não se esqueça: continue aprendendo, continue explorando e continue crescendo.

Até a próxima!

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